SACODE
Não sem aviso, veio forte e cego
e laminado, arrancou-me telhas,
tirando o chão do eu, do id e o ego
virou poeira que não se espelha
Temi, tremendo - isso eu não nego -
perder o todo que se assemelha
à calma, à paz e tudo o que carrego
dentro do peito em ínfima centelha
- o céu trincado em grandes estrias
lembrava as rugas dos passados dias
e as trovoadas, gritos de improviso -
Não sem aviso, sacudiu-me o vento;
tombou certezas do antigo tempo
e fez-me chuva no instante preciso
SACODE - Lena Ferreira –