Farsante
Na frente dos outros, eu sempre engano,
Eu passo a ideia de não ter pendências,
De que eu sou um homem das ciências,
Que eu sou um experientíssimo decano.
Mas bem lá no fundo são só aparências,
Não passo de mais um mísero humano,
Que já cansado de carregar esse piano
Quer estar liberto de certas tendências.
Nos esquecemos que já fomos libertos,
Quando jovens não tínhamos encargos;
Os meus caminhos eram todos abertos.
Algumas ações que faço dão embargos,
Que me tolhem e encobrem os acertos,
Mas eu atuo tão bem que recebo afagos.