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- Vista da orla marítima de Fortleza.
- Vista da orla marítima de Fortleza.
NICHO [474]
A cidade não é só selva de cimento:
ademais, é d’assaltos, sangue, tara, aborto...
Ela dista bastante de um passado morto,
mas vive no futuro e morre no momento.
É muito mais que simples sacolão de lixo.
E bem fabrica ao pé dos muros seus anjinhos.
Nos bares, cantarola sob a voz dos vinhos.
Ela, a cidade, freme como o nosso nicho.
Além, nos bairros, dão-se bárbaros conflitos.
E ali, na praça, fuma-se a maconha viva.
Mas a polícia afirma que combate o crime.
Os públicos poderes dão seus vereditos.
E a cidade, com medo, busca a paz e briga.
E nossa gente atura a dor que a não redime.
Fevereiro de 1987.
Fort., 15/01/2014.