DE UM INFELIZ. 03.soneto-496.
Tanto negror tem me cercado a vivência,
Por tantas injurias tem se vestido meu ser,
Vejo de brancos a covarde imprudência,
A tirar dos negros a essência do seu viver.
Tirou-me o nome o que é de mais sagrado,
No estranho exilio falta-me a identidade,
Por minha gente fui da pátria desterrado,
De outros povos sou produto de mercados.
Gastam-se meus dias fustigados no labor,
Na escravidão de intransigente opressor,
Mata-me a alma em fustigante amargura.
Se tiver sonhos acham-se todos sepultados,
Nos rudes engenho e cafeeiros malvados,
Consomem as minhas forças tais torturas.
Cosme B Araújo.
15/01/2014.