A LUA SERTANEJA
Agora que amanhece à terra seca
neste solo de poeira e de agonia,
tange o gado este sol inconsistente
no azul delirante que se forma.
No horizonte nenhum sinal que diga:
essas reses não vão morrer à míngua,
mas no ocre da vegetação distante
a certeza de um tempo exasperado.
No fundo das cisternas ressequidas
a dúvida crescente dessas almas
que clamam um bocado de decoro;
porém sobre o mato descalvado
a lua sertaneja se apropria
da angústia e da dor de toda a gente.