A LUA SERTANEJA

Agora que amanhece à terra seca

neste solo de poeira e de agonia,

tange o gado este sol inconsistente

no azul delirante que se forma.

No horizonte nenhum sinal que diga:

essas reses não vão morrer à míngua,

mas no ocre da vegetação distante

a certeza de um tempo exasperado.

No fundo das cisternas ressequidas

a dúvida crescente dessas almas

que clamam um bocado de decoro;

porém sobre o mato descalvado

a lua sertaneja se apropria

da angústia e da dor de toda a gente.

Enzo Carlo Barrocco
Enviado por Enzo Carlo Barrocco em 14/01/2014
Reeditado em 14/01/2014
Código do texto: T4649060
Classificação de conteúdo: seguro