A VELHA REGRA
Cercado pelo inverno agreste e frio,
Protejo as mãos assim ao ar do lume,
E bebo o vinho forte que resume
A minha vida feita em bravo rio.
Eu ardo em fogo eterno deste fraco
E rude sangue meu impuro e grosso,
No inferno largo cavo mais um fosso
Do corpo feito em mero e podre caco.
Memória a tenho nua e sempre negra,
Em mim somente tudo é assim de resto,
De nada valho ou mesmo nunca presto
E assim é minha vida em velha regra.
Pudesse eu ter algum maior amor
Que fosse imune a tanta minha dor...
Ângelo Augusto