A VELHA REGRA

Cercado pelo inverno agreste e frio,

Protejo as mãos assim ao ar do lume,

E bebo o vinho forte que resume

A minha vida feita em bravo rio.

Eu ardo em fogo eterno deste fraco

E rude sangue meu impuro e grosso,

No inferno largo cavo mais um fosso

Do corpo feito em mero e podre caco.

Memória a tenho nua e sempre negra,

Em mim somente tudo é assim de resto,

De nada valho ou mesmo nunca presto

E assim é minha vida em velha regra.

Pudesse eu ter algum maior amor

Que fosse imune a tanta minha dor...

Ângelo Augusto

Ângelo Augusto
Enviado por Ângelo Augusto em 12/01/2014
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