Soneto ao estranhamento

Não te ampares na voz que o eco exala

Nem no brilho turvo que o pergaminho traduz

Se até a lânguida opala

floresce, cativa e transluz.

Emudece-te ante a letra aflitiva

Inclinada ao açoite, revolta, impávida

Alabastro insólito que a pena esmaga

Rouquidão ágrafa, permanente dádiva.

Lucidez esquálida

Tão tardia quanto vaga

Proposta inalterada.

Decaído em mato funesto

Garimpa o sentido enclinômeno, aponta!

Ante a lasciva embriaguez que te afronta.