Naufrágio
Sou como um navio preso em uma penha,
Que singrou em busca de muitos lugares:
Oceanos e ainda por todos os sete mares;
Quando não fiava em algo que me detenha.
A penha é a algema que existe nos lares,
Que, infelizmente, não existe uma senha,
E, no tempo, o esboço vira uma resenha;
Mas minhas mágoas afogo-as em bares.
Perder a liberdade não existe dor maior,
Depois de algum tempo, a única verdade
É quando o roteiro termina em algo pior.
Hoje sou assim, um ser cheio de saudade,
De quando não sangrava o meu interior,
Mal este que veio crescendo com a idade.