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ALFORRIA[473]



Há tanto, minha amiga, por dizer,
tantos amores nossos por lembrar!
Às vezes, noites singro pelo ar,
já sem bússola, até por não te ter.


Tens asas de um condor para voar,
meus braços nem iriam te prender;
a gente só pudera amanhecer,
bem a sós, de delírios num remar.


Já tiveste a teus pés meu vão viver,
e não devo sequer apoquentar-me,
que meus ais vão um dia arrefecer.


Contudo, até que o sol me for raiar,
estupendas saudades vão matar-me
aos lençóis em que finjo te estreitar.



Fort., 08/01/2014.
Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 08/01/2014
Reeditado em 08/01/2014
Código do texto: T4641259
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