O tempo

Eu sei que o tempo muda, transfigura,
o nosso jeito altivo, nosso rosto,
e até o pensamento, por suposto,
que ganha novo tom, nova postura.
 
Eu sei! Porém viver é uma ventura
que traz na sua esteira algum desgosto
(pois ser feliz é mero pressuposto),
e o tempo, pouco a pouco, nos fratura.
 
O tempo amadurece o verde fruto,
a rosa, que depressa se emurchece,
e passa sem cessar, tão resoluto.
 
Ao tempo, todos pagam seu tributo,
de todos lembra -  nunca ele se esquece -
e planta, em cada qual, a dor, o luto.

 Brasília, 8 de Janeiro de 2014.

LIVRO - REALEJO, pg. 73
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 08/01/2014
Reeditado em 25/07/2020
Código do texto: T4641194
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