A CHUVA NA JANELA
A tarde é comprida, sombria e morna. É verão.
A chuva, miúda e intermitente, que bate na janela,
antes de ser incômoda, aviva o fogo da paixão.
Aos amantes não importa se é uma procela,
ou é uma chuva rápida, própria da estação.
De fora, o cinza da tarde, se pintado em tela,
até pode arrefecer qualquer sentimento ou ação.
Mas dentro, na penumbra, a paisagem é bela.
E assim, muito intenso o amor se fez,
jorrando das cataratas da perene paixão,
como há muito se repete, com toda a fluidez,
no mesmo ritmo sincopado de cada coração,
que no momento, em uníssono, outra vez,
acertaram o compasso com o mesmo diapasão!