TEMPO DE SORTILÉGIO * Horas loucas

Aqui, neste sossego solitário,

ouço o bater monótono das horas.

São contas que desfio dum rosário,

nas noites em que tu mais te demoras.

Lá fora, o frio gela o teu caminho.

E sinto como apressas os teus passos,

correndo quase, em busca deste ninho

que encontras na fogueira dos meus braços.

Chegas arfante sempre da corrida,

mortinha de carinhos e ternura…

E numa endiabrada arremetida,

me enredas num abraço de clausura.

Ah, se essas horas loucas de ansiedade

pudessem ser a nossa eternidade!

José-Augusto de Carvalho

2 de Janeiro de 2014.

Viana * Évora * Portugal

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 06/01/2014
Reeditado em 28/12/2018
Código do texto: T4639192
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