LIBERDADE

Eu prossigo na vida à procura de atalhos,

me desvio, constante, dos páramos velhos,

necessito da seiva do novo, seus brilhos,

minha porta é sem chave, sem trinco, ferrolhos.

O bom mesmo é fazer da brandura o trabalho,

praticar dia a dia as lições do evangelho,

ajustando com passos o rumo do trilho

que conduz para a luz que a servir eu escolho.

Para tanto, preciso livrar-me do entulho

de mazelas que ferem minha alma com talhos

tão doridos e ardidos, que causam engulhos.

O processo é penoso (calmar meus orgulhos),

mas celebro o triunfo ao frescor dos orvalhos

desnudando manhãs pelas quais eu mergulho.