Ciclo
Desliza suavemente a tranqüila nuvem
Assumindo-se multiforme em seu trajeto
Tenho um pouco de nuvem em mim, confesso
Que n'algum dia, eu fui água também
De evaporar e percorrer, dos homens, os campos
E condensar-me, vertendo-me em chuva boa
Fina ou abundante, não os molho à toa
Dou-lhes alento conforme o seu pranto
E de fazer e desfazer, refaço a vida
Num ciclo interminável de sentimentos
Escrevo e reescrevo... Perfaço a lida
De águas tranqüilas a céu cinzento
De estado bruto à beleza convertida
Forjo na matéria escrita, o melhor momento.