Fantasma
Lembra que esqueceu e não esquece
De alguém que partiu deixando pegadas.
Que memória é essa que lembra o nada?
Por que resiste? Por que permanece?
De que se alimenta tal sentimento
Se abandonado foi à própria sorte?
Jogado ao abismo para acabar na morte:
Um fim natural, com menor sofrimento.
Mas é na escuridão e na quietude
Que abre-se a porta e sua mente se ilude
E no seu rosto esse rosto se plasma.
É ainda assombrado por sua existência
No avançar de cada noite toma ciência
Que toda madrugada é seu fantasma.