ENGANOS
Cercado dos enganos tão nublosos
Que meu ser se envolvia horrorizado,
Por não saber o preço aprisionado
Dos pecados sofridos gananciosos.
Dei causa nos delírios perigosos,
Dum fado mal perdido e mal cantado,
De que assim me tornou mais agastado
Dos pensamentos sempre melindrosos.
No bem que me coubesse a pura sorte,
Já de mórbido o mal não tinha a morte,
Que não busquei de louco só um pouco!
Que mais mentira tive a certa altura
Do que sequer pensei em ser tampouco,
Na má fortuna em minha sepultura.
Ângelo Augusto