ENGANOS

Cercado dos enganos tão nublosos

Que meu ser se envolvia horrorizado,

Por não saber o preço aprisionado

Dos pecados sofridos gananciosos.

Dei causa nos delírios perigosos,

Dum fado mal perdido e mal cantado,

De que assim me tornou mais agastado

Dos pensamentos sempre melindrosos.

No bem que me coubesse a pura sorte,

Já de mórbido o mal não tinha a morte,

Que não busquei de louco só um pouco!

Que mais mentira tive a certa altura

Do que sequer pensei em ser tampouco,

Na má fortuna em minha sepultura.

Ângelo Augusto

Ângelo Augusto
Enviado por Ângelo Augusto em 31/12/2013
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