O Poço

Bem detrás do quintal havia um poço

Resguardado da minha meninice,

Com um tampão a cobri-lo velho e grosso,

Muito embora jamais alguém o visse.

Eu sentia correr por entre as frestas

Diminuto e tenaz raio de luz

Que criava ao luar doces serestas

Numa senda de amor que ainda reluz.

Nunca mais desde então um poço tive,

Pois que este, contudo, existe e vive

Dentro em mim, num suave e quieto porto.

E ao ver do luar um raio torto

Reconheço de longe o seu luzir

Na procura de um fundo a refletir!