Soneto sobre Franca

Franca, cada traço em ti me lembra algum fantasma.

Cada gesto teu tem suas raízes em outro gesto -

Algo ou alguém perdido na profusão dos restos

De uma vida asfixiada pela saudade, como a asma

Que um remédio tardio não consegue acalmar.

Em cada quintal de lembrança há um rosto

E nos rostos as rugas vacilam a contragosto

(o olhar de quem não volta mais a este lugar).

O que se foi dos que ficaram? Frágeis lençóis

Amarelos manchados pelos risos indecentes

De quem não se despiu da própria fantasia?

E o que ficará dos que se foram? Os sóis

Inscritos na memória eterna de um poente

Irreversível como o caminhar dos dias?

Leonardo Stockler
Enviado por Leonardo Stockler em 28/12/2013
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