TALVEZ, POETA
Talvez um dia eu canse de ti, poeta,
pois a poesia é mesmo uma chata:
é fantasia, afeto na coisa abstrata,
amor exposto de forma indiscreta.
Talvez um dia queira a realidade,
a conta do supermercado, o aluguel,
a prole, o biscoito de aveia e mel,
a vida pacata despida de ansiedade.
Talvez um dia eu canse mesmo de ti
e me morra as poesias inquietas
de indagações e finja que não vi
a vida real disfarçada no desconforto
de vidas ingênuas e incompletas.
Não, poeta, isso só depois de morto.
Talvez um dia eu canse de ti, poeta,
pois a poesia é mesmo uma chata:
é fantasia, afeto na coisa abstrata,
amor exposto de forma indiscreta.
Talvez um dia queira a realidade,
a conta do supermercado, o aluguel,
a prole, o biscoito de aveia e mel,
a vida pacata despida de ansiedade.
Talvez um dia eu canse mesmo de ti
e me morra as poesias inquietas
de indagações e finja que não vi
a vida real disfarçada no desconforto
de vidas ingênuas e incompletas.
Não, poeta, isso só depois de morto.