ESPELHO MEU
Espelho meu que mostras o meu rosto
Cansado pelo tempo venenoso,
Nos anos de que eu era tão formoso
E agora só me resta o que não gosto.
Do que não gosto é a face deste imposto
Incutido na pele, e em silencioso
Passar atroz das marcas, o moroso
Tempo já sopra mais o meu desgosto...
Ó linda mocidade, outrora a tive
Deveras fascinante e sempre tida
Como o expoente máximo da vida!
E agora na memória assim cultive
Esta saudade que em meu peito habita,
Juventude que dentro de mim grita.
Ângelo Augusto