CONCERTO NA CEIA
Qu’excelsa invocação naquele som
Que o noturno silêncio rasga e vela
A madrugada à luz daquela estrela
Reluzente rival da luz neon!
Serão as cordas d’harpa de Bordon
Tocando uma guarânia na capela,
Numa noite feliz que se revela
Ou de Astor Piazzolla o bandoneon?
São eles e o glorioso som dos banjos
De arranjo recital – coral dos anjos -,
Na cantata em concerto, o Madrigal.
Ouçamos de louvores belos hinos.
No alto da torre dobram velhos sinos,
Convite à Santa Ceia de Natal.
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Qu’excelsa invocação naquele som
Que o noturno silêncio rasga e vela
A madrugada à luz daquela estrela
Reluzente rival da luz neon!
Serão as cordas d’harpa de Bordon
Tocando uma guarânia na capela,
Numa noite feliz que se revela
Ou de Astor Piazzolla o bandoneon?
São eles e o glorioso som dos banjos
De arranjo recital – coral dos anjos -,
Na cantata em concerto, o Madrigal.
Ouçamos de louvores belos hinos.
No alto da torre dobram velhos sinos,
Convite à Santa Ceia de Natal.
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As opiniões acerca do Natal são as mais diversas, entre as quais a minha aqui manifestada algumas vezes. (Vide o soneto “O Pão Repartido” e a crônica “Dezembro”). Atente-se para o soneto desta página, no qual o convite não é simplesmente para a ceia, mas para a Santa Ceia, ritual litúrgico. Agora é cada qual viver ou não o Natal conforme seus hábitos, crenças, o nível de relacionamento com o mundo, especialmente com o núcleo familiar, caso o tenha. Por mais comercializado e consumista que seja o Natal para muitos, para outros muitos, como para mim, não consigo vê-lo e senti-lo senão como um especial momento de reflexão por um mundo melhor. Para isso, Deus, que tudo vê, espera que para a evolução da humanidade cada qual faça a sua parte. Quem só tem olhos para o Natal profano, comercial, consumista, de que estão à margem as vitimas sociais, deve projetar a visão crítica também em si mesmo para ver o que fez ou deixou de fazer em prol de uma sociedade humana, igualitária e justa. Compadecer-se, mas acomodar-se no discurso político-teórico-filosófico é também uma forma de agredir decorrente do erro de omissão. Quem combate a posse, o prazer e o poder, há que predispor-se a servir, partilhar e renunciar. Isto, sim, é o verdadeiro Natal de todos os dias que, na discrição e no silêncio, muitos vivenciam. Esses, voluntariamente, estão o ano todo nos hospitais, nos presídios, nos orfanatos, nos asilos. Assistem os aidéticos, os portadores de câncer, os deficientes mentais, os que sofreram queimaduras, os desempregados, os moradores de rua. Destinam-se aos mais longínquos lugares em missões dentro e fora do país, ao contrário do Natal ocasional, tão visado pelos críticos com suas inquietações estéreis e oportunistas. Só quando o discernimento mobilizar o individual para juntar-se a uma ação coletiva, o discurso resultará na prática. Aí haverá um só e contínuo Natal com o verdadeiro sentido que Jesus deseja, não para Ele, mas para o bem de todos nós.