Desabafo

Quisera ser espaço sem matéria,
o nada que reside no vazio
e, da coruja, não ouvir o pio,
que ecoa dentro em mim, em cada artéria.

Quisera não mais ver brutal miséria,
que causa dentro da  alma forte estio,
e torna o mundo gris, demais sombrio,
a vida dolorosa e deletéria.

É tanta gente sem qualquer guarida!
(Violência desde o tempo cabralino,
herança da conquista genocida).

Mas cá estou! Cumprindo o meu destino,
pastando pelos campos desta vida,
enquanto, a dor que pulsa em mim, rumino.
 
Brasília, 16 de Dezembro de 2013.

Absinto e Mel, página 74.
 
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 16/12/2013
Reeditado em 06/08/2020
Código do texto: T4614273
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