SONETO DO AMOR QUE INSISTE
Meu amor é flor que brotou nas pedras da imprevisibilidade
Ali, humilde, permeou-se, infiltrou-se, na esperança baldia
De ser descoberto, colhido numa cálida manhã de domingo
Para perfumar sua alma e trazer-lhe, quem sabe, felicidade
Meu amor abriga-se da chuva e dança a balada do vento
Não agoniza no tempo e purifica-se no colo da natureza
Espera ansioso a próxima primavera romper o cinza
Para dourar-lhe as virtudes e renovar-lhe a beleza
Ele adorna as rochas que oprimem sua delicadeza
Suas raízes estendidas na terra o mantém radiante
Suas pétalas, contrapõe-se às negações e asperezas
Esta flor sofre com a demora, com dúvidas e nos desvãos
Esforça-se, para vencer o veneno da distância e da solidão
E no viés das impossibilidades, sonha, florir em suas mãos!