SONETO PARA NINGUÉM
Quem é? Não tens alma, forma... Não tens vida.
És menos do que sombra, tanto quanto nada...
Uma ausência morta, dor nunca sofrida,
música sem som, canção jamais cantada.
És o que não chora na hora mais sentida,
um companheiro invisível de jornada
que junto conosco não esteve na saída
nem estará junto conosco na chegada.
Não é lembrança, futuro nem saudade.
És uma presença que está sempre ausente,
indecisa imagem, puro pensamento.
Pois não tens sentido, só tens realidade
quando abrimos uma porta e, de repente,
és o vazio da porta em que bateu o vento...