O CULPADO
Relâmpagos berram trovões tenebrosos;
do céu, saraivadas despejam-se brutas;
à rua, enxurradas carregam gomosos
detritos de noites drogadas e putas.
Na trilha que leva ao covil dos gulosos
festins genitais e corpóreas permutas,
embatem-se olhares mordazes, fogosos
vendendo barato seus picos e grutas.
Enquanto a voraz tempestade castiga,
o moço atolado na culpa inimiga
procura outro réu que o conceda ao prazer.
Cansou-se, afinal, de sentir-se bandido
por ter diferenças na própria libido;
agora é gozar e gozar e morrer.