FÊNIX

Já fui Fênix, conheço o caminho.
E todo ele percorri sozinho.
Chorei em muitos anoiteceres,
recolhi-me, fui do tipo dos seres

que morrem a cada nova perda
e ressucitam na parte esquerda
da vida. Improvável, mas real,
fui, de verdade, o lado desigual.

Voei as encostas doídas da saudade,
provei os limites úteis da liberdade,
suei em calores a inevitável prisão

da paixão. Sonhei intenso o horizonte
que não mais voarei, ainda que desponte
em mim o gracioso chamado da ilusão.