Tarde Azul
 

Ó tarde!... Primavera em plenitude...
Saudades a envolver... cor de safira...
Em letargia mergulho na amplitude
de um passado... Lembrança vem... Delira.
 
Vejo você em alguma infinitude;
em um lago onde espelha mi’a doce ira,
sem qualquer lucidez... qualquer quietude;
banhada desse azul que em mim estira.
 
Quisera renascer-me nos teus beijos
e que “ a tarde talvez fosse azul...” mas...
Ah! “Se não houvesse tantos desejos...”
 
Por isso nesse amor me sacrifico...
pela força d’um mantra, d’uma cor,
na tarde mi’a alma e o ventre purifico...
 

 


( grifos: trechos do poema “Poema das sete faces” de  Drummond)


( Imagem: facebook Maurélio Machado)