MEUS FANTASMAS - Soneto ( nº14) do meu livro "Em todos os sentidos"
A noite me espia - e eu a espiar ela;
Dos seus bichos noturnos, sons escuto,
E estou mesmo por certo resoluto,
A varar nesta noite em névoa tela.
Com seu cantar de agouro tão sinistro,
É coruja em certo voo silente...,
Grilos num cricrilar tão estridente,
É o que dela, mais forte registro.
Sombras rápidas mudam de lugar,
Camufladas na brisa penetrante,
A engolir e crivar, medos e espinhos!
Desta tensão vou sempre me lembrar,
Quando era um solitário viajante,
Matando meus fantasmas dos caminhos.