Retrato do Segundo Eu

Não sei se sou fantoche ou boneco de lata

Alguma manipula ou depois logo descarta

Assim, pendurado em barbantes de desilusão

Assim, entrevado, enferrujado pela solidão

Num teatro pareço feliz - pois teatro é alusão

De uma vida sem presságio e sem limitação

Quando de lata, sinestesia é roteiro

Esmaece os afagos, põe o eu em derradeiro

Fui sempre assim: um brinquedo

Alegrando umas por noites

E acordando com arquejos

Infindáveis super-corações

Como o meu, que sofre açoites

Finda este que jaz entre caixões.

Wendell Martins
Enviado por Wendell Martins em 07/12/2013
Reeditado em 11/10/2014
Código do texto: T4601950
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