Retrato do Segundo Eu
Não sei se sou fantoche ou boneco de lata
Alguma manipula ou depois logo descarta
Assim, pendurado em barbantes de desilusão
Assim, entrevado, enferrujado pela solidão
Num teatro pareço feliz - pois teatro é alusão
De uma vida sem presságio e sem limitação
Quando de lata, sinestesia é roteiro
Esmaece os afagos, põe o eu em derradeiro
Fui sempre assim: um brinquedo
Alegrando umas por noites
E acordando com arquejos
Infindáveis super-corações
Como o meu, que sofre açoites
Finda este que jaz entre caixões.