DEIXEM-ME A CHORAR - Soneto ( nº8) do meu livro "Em todos os sentidos"
Depois que o sol se põe de modo brando,
Vou me abrigar em velhos sofrimentos,
E das minhas paixões que vou lembrando,
Faço-me de réu pelos julgamentos!
Como fosse o juiz, tenho a tristeza
Que lê minha sentença lentamente,
E se eu, de toda culpa, fui rudeza;
Por eles, vou chorar intensamente!
Choro esse vestir dos sonhos fruídos,
Que o regozijo de volta não traz,
Tantos desejos de nós, a implorar.
O ardor no peito dos anjos traídos
É agrura, dá pena e, me desfaz...;
Ó, por favor, deixem-me aqui a chorar!