Fingidor

Às vezes o poeta quando canta

A amargura, a dor, o sofrimento...

Não é que tenha em si esse tormento,

Nem que desilusão carregue tanta.

Às vezes ele mesmo até se espanta

Por demonstrar tão forte sentimento,

Sem ter um bom motivo, um complemento,

Que justifique a mágoa que levanta.

Todo o poeta a dor alheia escala,

E, lá do alto, finge em demasia,

Mostrando o quanto essa ilusão lhe abala.

E assim vai ressaltando em poesia,

Sendo a expressão da alma que se cala

E a voz do coração que silencia.

Hélio Cabral Filho
Enviado por Hélio Cabral Filho em 03/12/2013
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