Até as pedras
 

Até os pedrouços que pisei, por certo,
a soluçar por ti – farrapo humano –
a ruminar o amargo desengano,
sabem que o meu devir é triste, incerto.

 

Até as pedrinhas sob o céu aberto,
ouviram, do lamento, o grito insano,
o pranto que rolou – voraz, tirano –
no chão de meu viver, de ti deserto.

 

Até os penedos, rochas, pedregulhos
ouviram, do penar, os seus arrulhos,
soluços de minh’alma em pura dor.

 

Somente tu, indiferente a tudo,
pisando o teu caminho de veludo,
passaste sem ouvir o meu clamor. 


Edir Pina de Barros



Brasília, 1º.  de Dezembro de 2013.

REALEJO, p. 59
Sonetos selecionados, pg. 47

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 01/12/2013
Reeditado em 21/12/2023
Código do texto: T4594775
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