Mal invisível
Como se instala na alma tão fácil
Escuridão sem par nem tamanho?
E aos poucos faz grande assanho
Em quem foi calmo e muito dócil.
Apesar de por dentro ser estranho,
Nada há que o mostre estar indócil,
Mesmo que o humor torne-o difícil
Na face não há um só leve arranho.
Seria tão melhor se pudesse falar
E não guardar para si tanta mágoa,
Mas a alma doída prefere se calar.
Por dentro o choro todo o alagoa,
Sente-se igual a quem não tem lar;
E qualquer bom dia logo o magoa.