Soneto ou Poesia?

E não faço milagre, digo e confesso,

Meu progresso é um peixe afogado.

Mergulhado, esse bagre, em meu verso

Tão inverso, foge do feixe pescado.

É pecado, é um sagre ao sucesso

Tão perverso, em praxe e engessado,

Travado no verso, usagre... Traço

Um recomeço, um axé ao meu fado.

Compor sem mestrado, inventando o verso,

Eu vou, par e passo brincando com a rima,

Por baixo e por cima, seguindo o compasso

É grande o espaço e favorável é o clima.

Obra prima! Direito que a todos abraça...

Te anima e desfila, oh meu feito, na praça.

JRPalácio

Eu também não mascaro, fico nelas, por elas

Passa o tempo e na mesma o esforço que eu faço

As palavras são vivas e florescem tão belas

Sempre inútil rever ou conter o despacho.

Dançam, bailam festivas, cardumes, fogacho

Quase sempre atropelam e deixam sequelas

Nestas danças solenes, sou eu que me encaixo

Sigo escrava do tema, sem criar mais querelas.

Sem me opor eu me animo a expor na janela

Na expressão mais feliz que me enleva e me acalma

Num aceno qualquer ao passante do além

Que me fale, ninguém, mas eu fico naquela

Tal o bobo da corte, sem temer nesta calma

A alegrar o cenário mesmo ganhe o desdém.

ANA MARIA GAZZANEO

JRPalacio
Enviado por JRPalacio em 18/11/2013
Reeditado em 18/11/2013
Código do texto: T4576499
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