UM SONETO PARA MEU GRITO
Tão doído é meu grito, que em suspiro,
Guardo-o fora do flagra, já contido.
Mesmo com a dor que tenho sentido,
Não lanço ao vento, escondê-lo inda prefiro!
Doem-me as ranhuras por ter preterido
Subestimando a força desse tiro
Que entranhado dá giro sobre giro...
Mesmo eu de pé, por vez fico estendido!
Não é tão longe a distância que separa
A causa desse grito suspirante.
Está perto, é pra mim, sempre flagrante!
O corpo em sintonia mostra a dança,
Seu olho em baile na rede se balança
Com gestual de paixão, mas não declara!
Zé Salvador.