Vencendo o prazo.
O meu prazo tenta as pazes com o futuro,
o presente não opina, só disfarça
a retina, pra não ver diz que embaça
e para me esconder: O velho muro
que teci num momento bem mais forte
com a sorte se mostrando mais bonita.
Lembro os versos adornando a escrita,
mas a inerte sensação tira-me o porte.
E nas frações dos dias o meu todo
meus passos pisoteiam esse lodo
pra que, com o tempo, eu vença a porfia.
Saudades e cicatrizes são lembranças
não houvesse a poesia em minhas andanças,
nem quero imaginar o que seria!
Josérobertopalácio
Com certeza imaginar o que seria,
nossa vida, nossos dias, tão incertos;
tão repletos de vazios e desertos
sem a graça e a leveza da poesia,
não podemos e de menos, seus encantos.
Sem sorrisos. E o sol, sempre a brilhar
iluminava o nosso olhar, a denunciar
só martírio e o amargo dos quebrantos.
No entanto, tal magia abre a cortina...
Bom veneno, anestesia a nossa dor...
Nos permite achar o vento propulsor...
Oxalá, graça divina, nos anima...
Nos protege, rege os passos na euforia.
Nos dá colo e amamenta... É sacra-via!
Ana Gazzaneo