Alma d'um Poeta
Sou um passarinho, e como gato
Duas partes opostas d'um mesmo ser
Livre, muito embora sem viver
Sem saber, amar aos poucos meu retrato
Duas partes que juntas se destroem
Causa que fujo, e de mim eu corro atrás
Duas metades a sós não terão paz
Co'a distância que a pura alma se corrói
Aos pedaços, pobre, livre e obstinado
Sem rumo adiante, sem deixar sequer legado
Livre, pelo céu desse globo azul quadrado
Dois opostos que jamais se tornam o todo
A solidão que aperta o peito afoito
Assola o pobre poeta, um pobre doido