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456 DUAS FAUNAS
Muita gente, só por vaidade interna,
cria bichos*, em récuas de animais;
tanto enfermo pulula em hospitais
e ninguém lhe faz mira com lanterna.
Por mim, rejeito ir ao mesmo cais,
enquanto, cá, meu semelhante hiberna;
outro mundo de estroinas, na taberna,
toma as taças, seus parcos vis metais.
Muita gente, por presunção, talvez,
reproduz as bobagens de um burguês
e leva aos chás seu vira-lata... Luxo!
O juiz do meu cerne assim contesta:
afagas os teus cães, e lhes dás festa,
mas do povo não vês a dor do bucho.
Dez./30, 1998.
Fort., 29/10/2013.
456 DUAS FAUNAS
Muita gente, só por vaidade interna,
cria bichos*, em récuas de animais;
tanto enfermo pulula em hospitais
e ninguém lhe faz mira com lanterna.
Por mim, rejeito ir ao mesmo cais,
enquanto, cá, meu semelhante hiberna;
outro mundo de estroinas, na taberna,
toma as taças, seus parcos vis metais.
Muita gente, por presunção, talvez,
reproduz as bobagens de um burguês
e leva aos chás seu vira-lata... Luxo!
O juiz do meu cerne assim contesta:
afagas os teus cães, e lhes dás festa,
mas do povo não vês a dor do bucho.
Dez./30, 1998.
Fort., 29/10/2013.
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(*) Nem imaginem que não sou amigo dos
animais. Tanto sou que meu último filho é
um livro que fala só de animais – BICHOS
INTROMETIDOS NA BOCA DO POVO.
À época em que este soneto foi escrito, em
casa tínhamos meia dúzia de cães. E minha
mulher fazia disso o seu hobby. Aquilo era
demais, pelo menos à época eu achava.