A COBIÇA
Eu lá no mar andava cobiçoso,
A ver se retirava o tal tesouro
Que me fez perdição de tanto ouro
Das profundezas fui mais presunçoso.´
Mas o céu da vontade fez de touro
Furioso, e não me fiz esperançoso,
Na alma de intuito já não tive o louro,
De não ter ido em tempo glorioso.
Nas águas tão bravias desse mar,
Que estive quase a ser do mel em bico,
Ficou a mágoa do ouro não levar;
Mas já nem tudo é mau nem prejudico,
Pois, por cobiça de poder ganhar,
Lá vi a morte por querer ser rico.
Ângelo Augusto