SONETO SEM RIMAS ou OVELHA E LOBA

NO INÍCIO DA MADRUGADA DE 27 DE OUTUBRO DE 2013

Ofereço este soneto ao pastor que veio de longe

Ovelha e loba ela é, o duplo.

Desta o sonho de ser só, não rebanho,

daquela ser o todo, nunca o eu.

Da loba o pensamento, o ser estepe

longe da grei, do que é determinado.

Da ovelha o doce olhar que se precisa

ao seu pastor, à lida obrigatória

nos dias sempre iguais, a ferro e fogo

sobre essa pele de ovelha a servir.

Rebanho, monte, filha, lã dos tempos.

A loba, pobrezinha, que se curva

às determinações da grei e chora

como se fora ovelha em sacrifício.

Ah, uivo sempre preso na garganta.