CANTO REVELADO * Revelação
A dúvida foi sempre o meu escudo.
A dúvida de ser e perceber.
Com nuvens prenhes de água não me iludo,
por não poder chegar-lhes e beber.
E quando a chuva cai a prometer
o fim da tentação, eu testo tudo,
na dúvida constante de saber
se comprovado está ou se me iludo.
Minh’alma sempre à dúvida se deve,
numa ânsia angustiada de manhã!
Os sonhos de infinito em que se atreve
quer livres da serpente e da maçã!
No Céu há tanta estrela a lucilar
sorrindo da inconstância do luar!
José-Augusto de Carvalho
12 de Julho de 2002
Viana*Évora*Portugal