FRUTOS AMARGOS. soneto-459.
Os encantos de viver foram-se na insensatez,
E em lamúrias hoje apenas mareja-se o olhar,
Mesmo assim esforça-se em efêmera timidez,
Na angústia que o abate fazendo-a enfermar.
Balbucia solitária com o semblante abatido,
Palavras inaudíveis expurgadas rua a fora,
E tantos quantos a vêem findam comovidos,
Recordam das luxurias na vida de outrora.
E lágrimas em silencio molham-lhe o rosto,
De olhares altivos hoje há apenas desgostos,
A triste verdade que se mostra com o tempo.
Quão boa fostes quando jovem vida minha,
Nos círculos sociais teve o titulo de rainha,
Vícios e orgias a trouxeram tais tormentos.
Cosme B Araujo.
24/10/2013.