ALMA NO INFERNO

Eu rasgo o peito em sangue ardente e forte

E não me importo nada com o horror,

Que a minha vida enfrenta a todo o corte

Vazio na alma feita em vil ador!

Arranco pedra a pedra a minha sorte

Madrasta, e seca sonha grande amor,

Num corpo que respira a lira em morte

E em alma paga inferno em mais clamor...

Virtude morta em tempo atroz, e louco

Eu ando sempre mais sombrio e frio,

De ver as minhas mágoas lá no rio!

Amar assim é mesmo muito pouco,

Ainda creio ser o céu no espaço,

Que à minha vida mau pesar lhe traço.

Ângelo Augusto

Ângelo Augusto
Enviado por Ângelo Augusto em 24/10/2013
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