ALMA NO INFERNO
Eu rasgo o peito em sangue ardente e forte
E não me importo nada com o horror,
Que a minha vida enfrenta a todo o corte
Vazio na alma feita em vil ador!
Arranco pedra a pedra a minha sorte
Madrasta, e seca sonha grande amor,
Num corpo que respira a lira em morte
E em alma paga inferno em mais clamor...
Virtude morta em tempo atroz, e louco
Eu ando sempre mais sombrio e frio,
De ver as minhas mágoas lá no rio!
Amar assim é mesmo muito pouco,
Ainda creio ser o céu no espaço,
Que à minha vida mau pesar lhe traço.
Ângelo Augusto