Troca de amores

No turvo circular de dois amores,

um entra e o outro sai - rito ensaiado:

Enquanto um vem feliz trazendo flores,

O outro vai cabisbaixo, sai calado.

Do nosso coração é posto ao lado

um pote de delícias e de dores.

Aquele que se vai já vai fartado,

Aquele que chegou quer seus licores.

Assim seguem por nós sendo taxados;

são deuses, são demônios, são tomados

em gotas, cada qual com seu sabor.

Por dentro, na mudança, vão passando:

Um rindo, outro sentindo, outro chorando

Nessa transmutação de graça e dor.

Alex Olliveira
Enviado por Alex Olliveira em 22/10/2013
Reeditado em 02/02/2020
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