Troca de amores
No turvo circular de dois amores,
um entra e o outro sai - rito ensaiado:
Enquanto um vem feliz trazendo flores,
O outro vai cabisbaixo, sai calado.
Do nosso coração é posto ao lado
um pote de delícias e de dores.
Aquele que se vai já vai fartado,
Aquele que chegou quer seus licores.
Assim seguem por nós sendo taxados;
são deuses, são demônios, são tomados
em gotas, cada qual com seu sabor.
Por dentro, na mudança, vão passando:
Um rindo, outro sentindo, outro chorando
Nessa transmutação de graça e dor.