Geração Sofá
Mancha podre que caminha no meio da multidão
pelos becos da cidade ou bueiros de plantão
vejo lixo, pelas casas; e pessoas, no bueiro
cada criança vai correndo em direção ao cativeiro
"Pare imbecíl! Defensor de sonhos fúteis...
pare aberração, jovens burros e inúteis...
venha aqui e sente agora, ouça eu com atenção
ou amanhã passarás fome, não terás nenhum tostão”
“Me escute, me obedeça, me preste atenção
sou o deus do teu futuro, sua cabeça e coração
me siga, é uma ordem, sou eu quem fez seu mundo
não faça o que tu gosta, quem faz isso é vagabundo"
"Comida enlatada, mas que porcaria é essa?
vá agora pra cozinha, faça algo que tu presta!
ir pra rua? Ficou louca? Já lavou toda sua louça?
Eu comi e também paguei, agora limpe minha roupa"
Olha lá um garanhão, jogando bola na calçada
As menininhas tão de olho, para o gênio da privada
"Vem pra casa, vagabundo! Que tu pensa, que tu faz!?
Vá pro quarto, pra lição, me deixe quieto e em paz"
Meu deus, mas que agonia, me inferniza o paraíso
toda essa falação, a hipocrisia e seu juízo
vou pra rua agora mesmo, lá é onde há minha vida
não se preocupe mais meu pai, antes de ir pago minha dívida
Se dinheiro é o problema, queimar tudo é a solução
ser feliz ou milionário, prefiro é ir sem um tostão
alegre e satisfeito, vou pra rua ou pra minha casa
vou viver alegremente, ou minha vida inteira passa