NUM DIA DE INFERNO
Num dia, por demais aborrecido,
Minha alma repousava assim descrente
E a pensar que já fui um dia crente,
Que mal é que terá acontecido?
Eu via a vida negra num tecido
E numa teia em dor mais surpreendente,
Que não sabia mais ser sorridente,
Ao beber o veneno apetecido...
A minha sede de tamanha morte,
Em que já respirava a vil vingança
Do mal que me calhava em fraca sorte!
E a noite já sem brilho de esperança,
Assim como eu de sangue pouco forte,
Sentia o inferno dessa insegurança.
Ângelo Augusto