Soneto 15: ABRI A GAVETA.
Hoje eu abri a gaveta, tirei papeis velhos e fotografias.
Achei enrolado, num pano qualquer, um pedaço de carne.
Ele não estava morto, como outras coisas frias estavam;
Havia ali um coração, felizmente ainda não era tão tarde.
Hoje abri a gaveta da emoção e dei luz ao fundo da alma
Eu tirei tanta coisa que estava mofando e cheirando mal
Achei cartas antigas de amor, canções de paz e pura calma...
Músicas escritas para revolta, roubar atenção, e coisa e tal.
Hoje eu abri a gaveta, tirei meu coração do meio da tralha.
Limpei a poeira, tirei o meu coração do meio da bugiganga.
Lavei a sujeira, tirei meu coração de dentro da velha capanga.
Hoje eu sorri de novo quando abri a gaveta, entendi minha falha;
Sorri com meu coração nas mãos. Quero salvar-me da sua zanga
Dei à luz o meu coração. Dancei com ele ao som de uma charanga
POR PAULO SIUVES