Soneto masoquista.
A dor que é do poeta sai no verso
E dói qual fosse um parto de ilusão
Que surge dando à luz a inspiração
E o peito se desmancha em tom perverso.
Declama em dor o verso do seu ser
Que se entrega a delonga, embora farto,
Quer se soltar, enfim, sair do quarto,
Poder gritar ao mundo seu doer.
A dor que é do poeta é dor do verso
E ele, que dela é réu confesso,
Nas palas do palato faz plantio.
As letras tomam conta do vazio
E entre palavras e versos, sua mania:
Ver estrofes emoldurando suas crias.
JRPalácio