Soneto masoquista.

A dor que é do poeta sai no verso

E dói qual fosse um parto de ilusão

Que surge dando à luz a inspiração

E o peito se desmancha em tom perverso.

Declama em dor o verso do seu ser

Que se entrega a delonga, embora farto,

Quer se soltar, enfim, sair do quarto,

Poder gritar ao mundo seu doer.

A dor que é do poeta é dor do verso

E ele, que dela é réu confesso,

Nas palas do palato faz plantio.

As letras tomam conta do vazio

E entre palavras e versos, sua mania:

Ver estrofes emoldurando suas crias.

JRPalácio

JRPalacio
Enviado por JRPalacio em 18/10/2013
Reeditado em 18/10/2013
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