Quando eu morrer
Quando eu morrer, amor, não chores tanto,
Não quero ver teus olhos sem pintura.
Mas fica linda a concentrar tristura
Que eu poderei ouvir teu peito em pranto.
Quando eu partir, enfim, ao campo santo
Com teu candor no meu caixão segura
Sem muita força, como quem pendura
Pedras de ornato sob olhar de encanto.
Depois, ao pé de mim, quando já posto
Na cova funda, não quero em teu rosto
Nenhum resquício de pesar, mas voa...
Voa ao minuto em que nos conhecemos
E por respeito às coisas que vivemos,
Quando eu morrer, querida, me perdoa.