A CASA DO ALTO - II
A Maria Angelina
Está alguém? Pergunta à entrada o visitante,
E ao longe, no quintal, ouviu-se a voz canina
Que, por suposto, era astuto vigilante.
Está alguém? Disse de novo em voz lustrina
E no saudável pátio surgiu num instante
Sorridente e simpática a Dona Angelina.
Sou eu, madrinha, posso entrar com sua licença?
Olá, Chiquinho, desde anteontem que o esperava,
Dê cá um beijo, pois é boa a sua presença.
Demorei, que o pequeno-almoço já tomava
Sente-se aqui na mesa, pois não faz diferença
Não ouvi bem a sua voz que me chamava…
Aqui tem chávena de leite e uma torrada
Por favor, coma bem. Se quiser, peça mais.
Depois, vai-me a ajudar nos livros daqui a nada.
Apenas respondi, perante estes sinais:
Não se incomode, Dona Angelina, que a jornada
Fará de mim o mais feliz dos serviçais!
Sorriu-lhe a alma pelos seus olhos cristalinos
Num corpo de mulher com dotes peregrinos.
Frassino Machado
In CANÇÃO DA TERRA